Imperatriz: Defensoria promove roda de conversa sobre Religiões de Matrizes Africanas e Direitos
A Defensoria Pública do Estado (DPE/MA) realizou, nesta sexta-feira (21), em Imperatriz, roda de conversa com o tema “Religiões de Matrizes Africanas: Direito, Visibilidade e Religiosidade”. O evento, que ocorreu na Academia Imperatrizense de Letras, marcou o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial e o Dia Nacional das Tradições de Raízes Africanas e Nações do Candomblé.
O encontro foi promovido pela Defensoria Pública, em parceria com a Astercma, Ceiri e a Escola Superior da Defensoria Pública, reunindo representantes da sociedade civil, lideranças religiosas e pesquisadores para debater os desafios e avanços na luta contra a intolerância religiosa.
A atividade contou com a participação da defensora pública Ana Heloiza de Aquino, do professor doutor em História Rogério Veras e do presidente da Associação dos Terreiros e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana do Maranhão (Astercma), Clauber Santos. Também estiveram presentes representantes de entidades culturais e religiosas, como o professor Celson Santos da Silva, do Terreiro de Santa Bárbara, que apresentou um cântico em homenagem ao orixá Xangô.
Na ocasião, a defensora pública Heloiza de Aquino destacou o papel da Defensoria na defesa dos direitos das comunidades tradicionais e no enfrentamento ao racismo religioso. “A liberdade religiosa é um direito fundamental, mas, infelizmente, ainda testemunhamos ataques, preconceito e perseguições contra as religiões de matriz africana. A Defensoria está aqui para reafirmar o compromisso com a defesa dessas comunidades e para garantir que a fé de ninguém seja motivo de discriminação”.
Já o presidente da Astercma, Clauber Santos, pontuou a necessidade de ampliar os espaços de fala para as religiões de matriz africana. “Nós não estamos apenas defendendo um culto, mas preservando uma história, uma identidade. As religiões de matriz africana fazem parte da formação cultural do Brasil, e a luta pelo respeito a elas é uma luta por dignidade”.
O professor doutor em História Rogério Veras contextualizou historicamente o racismo religioso e sua ligação com o período colonial. “As religiões de matriz africana sempre foram alvo de perseguição, desde a escravidão até os dias atuais. O que vemos hoje são reflexos de um passado que ainda não foi superado. Precisamos educar para desconstruir preconceitos e garantir que a diversidade religiosa seja respeitada”.
Representando a vivência dentro das tradições de matriz africana, Tayna Hakan Ferreira Moura, do Terreiro Nossa Senhora de Santana, compartilhou a importância de momentos como este para a luta contra a intolerância. “Ser de religião de matriz africana no Brasil é, todos os dias, resistir. Resistir ao racismo, às perseguições, aos ataques. Esse evento nos dá voz, nos dá espaço e nos fortalece”.
A presença de autoridades e de membros das comunidades de matriz africana reforçou a importância de garantir o direito à fé e combater todas as formas de preconceito. Como ressaltado durante a roda de conversa, visibilidade é resistência, e resistência é direito.