Segundo dados do relatório “Livre para Menstruar”, uma em cada quatro adolescentes brasileiras não tem um pacote de absorventes quando menstrua. Uma outra pesquisa aponta que 22% das brasileiras de 12 a 14 anos não têm acesso a produtos de higiene específicos para o período menstrual, número que sobe para 26% na faixa de 15 a 17 anos.

E foi pensando em contribuir para a redução dessas estatísticas, que a Defensoria Pública do Estado (DPE/MA) encampou a luta pela sensibilização da sociedade quanto ao tema, iniciando uma campanha de arrecadação de absorventes e coletores menstruais, na perspectiva de beneficiar mulheres encarceradas e meninas indicadas pelo Movimento Mulheres de Axé do Brasil - MAB/Núcleo Maranhão.

Com a adesão da Defensoria, a intenção é potencializar o recebimento dos produtos, tendo em vista a participação da sede, em São Luís, bem como as unidades da Zona Rural e do Itaqui-Bacanga, além das 47 unidades da instituição no interior do estado. A campanha já contava com outros 17 pontos de arrecadação. “A atuação da Defensoria maranhense vai além da assistência jurídica. Também se estabelece na busca por transformação social, por meio do apoio de ações como esta, que deverão beneficiar meninas e mulheres em diversas situações de vulnerabilidade”, destacou o subdefensor-geral Gabriel Furtado.

A campanha iniciada esta semana, na capital e no interior do estado, por meio da articulação da Ouvidoria da DPE, será encerrada com as comemorações do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, que ocorre no dia 25 de julho. “São meninas, mulheres, meninos trans e não binárias, mulheres em situação de cárcere, que sofrem, todos os meses, com a violência menstrual. Sem apoio, muitas delas são obrigadas a passar por situações degradantes, que podem causar traumas e até problemas de saúde. Nossa intenção é alertar quanto à importância de se tratar esta manifestação como algo sério e fundamental na formação pessoal da cidadã”, destacou a ouvidora-geral Fabíola Diniz.

A execução da campanha, no âmbito da DPE, está sendo conduzida pela Subdefensoria, pela Escola Superior da DPE/MA, e pela Ouvidoria, em parceria com a MAB, que conta com o apoio também da Prefeitura de Paço do Lumiar e da Plan International. “Infelizmente, o Maranhão é um dos estados com maior índice de meninas desassistidas pelo poder público e que sofrem fortemente com a pobreza menstrual. Com esta campanha, procuramos combater essa problemática que só expõe a desigualdade e violação de direitos que nossas meninas sofrem, além das mulheres que estão no sistema prisional, ou seja, dois públicos invisibilizados e que vivem à margem de direitos básicos”, destacou uma das coordenadoras da MAB, Ana Rosa Silva.