Debate sobre movimentos populares encerra segundo módulo do Webinário sobre questões étnico-raciais

    A importância dos movimentos populares no combate ao racismo no Brasil foi tema da última mesa do II módulo do Webinário “Questões étnico-raciais e os desafios da luta antidiscriminatória”, realizada na quinta-feira, dia 22.

    O encontro virtual foi conduzido pela defensora pública Clarice Viana Binda e acompanhado pela diretora da Escola Superior, a defensora pública Cristiane Marques. As apresentações ficaram por conta de Cricielle Muniz, secretaria-adjunta de Governo do Estado do Maranhão, e a Iyalorixá Jô Brandão, coordenadora do Coletivo DAN EJI (organização sem fins lucrativos formada por membros de religiões de matriz africana e ativistas de direitos humanos).

    As duas participantes, que têm atuação intensa no combate ao racismo no estado, levantaram importantes questões durante o encontro. Uma delas foi o fato de mulheres negras estarem entre os piores indicadores socioeconômicos no Brasil. Além de receberem salários menores que os de homens brancos, elas são o maior número de vítimas de violência e ocupam menos espaços na sociedade.

    Cricielle Muniz ressaltou ainda os impactos da pandemia sobre a população negra, sobretudo sobre as mulheres negras. “Vivemos um momento atípico, uma pandemia, em que infelizmente nós, mulheres pretas, somos as principais vítimas. Estamos num país onde muitas pessoas vivem num mesmo cômodo, não há acesso à água e as autoridades recomendam que se lave a mão e se mantenha o distanciamento social. É uma realidade marcada por muitas desigualdades e que tem afetado, principalmente, nós”, destacou.

    Por sua vez, Jô Brandão resgatou o histórico de mobilização dos movimentos populares, originada nos quilombos, ressaltando-os como peças fundamentais para reverter esse cenário de discriminação. “O movimento negro de forma mais estruturada, institucional e organizativa, que surge como forma de resistência, bebe nessa fonte das comunidades quilombolas e foi se instituindo de diferentes formas, trazendo para a sociedade o debate de resistência e apontamento de políticas públicas para superar as dificuldades nas quais o povo negro foi submetido”, lembrou.

    A defensora pública Clarice Viana destacou, durante o encontro virtual, a importância do debate em pleno “Julho das Pretas e do olhar sobre a interseccionalidade entre as questões raciais, sociais e de gênero. “Mulheres negras não são as pessoas mais privilegiadas quando se fala em renda e são as que mais sofrem com a discriminação racial e sexual, por serem mulheres. Tanto é que o racismo sofrido por um homem negro é diferente do sofrido por uma mulher negra. São pontos muito significativos que devem ser sempre observados”, disse.

    Além do tema “A importância dos movimentos populares no combate ao racismo”, o webnário também contou com outras três mesas de debate que discutiram “O racismo e a violência estatal” e “A violência de gênero contra a mulher, racismo e interseccionalidades”.

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